Seria o fantasma uma aberração da natureza? Esta é uma questão relativa: ora, tudo o que acontece, se acontece, é porque a Natureza permite que aconteça e, portanto, necessariamente, é natural. Todavia, pode-se argumentar que a existência na condição de fantasma não é a regra geral para os EspÃritos que também podem ser chamados Egos inferiores, Egos condicionados ou personalidades desprovidos de corpo fÃsico terreno; isto porque a condição ontológica ideal [estado de Ser] para a experiência de vida na Terra é a condição de Ser encarnado. Para viver na Terra um EspÃrito deve estar em integração ótima com um corpo fÃsico de matéria terrena; corpo adequado para as condições existenciais deste planeta do ponto de vista anatômico, quÃmico e fÃsico ou seja, uma estrutura corpórea constituÃda basicamente de carbono e água, baseada em suporte celular organizados em "tecidos" ósseos-esqueléticos-cartilaginosos e musculares.
O fantasma, sendo um desencarnado existindo entre encarnados está, sem dúvida, deslocado do ambiente próprio à sua condição e, por isso, ser fantasma é uma anomalia, no mÃnimo, um desajuste. Se o individuo morreu para o mundo-Terra e, no entanto, continua existindo no plano fÃsico deste planeta, alguma coisa errada ocorreu no processo de passagem desta para outra... condição de vida-existência; algo que mantém aquele indivÃduo "preso" a um lugar que não é ideal para o seu estado de Ser. Por isso, a manifestação dos fantasmas é vista, por muitos estudiosos da Ciências Ocultas, quase sempre, como um fato negativo. O fantasma não deveria estar aqui! â"€ e diferentes povos possuem métodos-rituais para despachar estas entidades, em definitivo, para o "outro mundo" ou dimensão cósmica-existencial à qual eles pertencem
Os manifestações dos fantasmas são, assim, consideradas, um distúrbio da Natureza porque as razões que que mantêm um EspÃrito desencarnado entre viventes terrenos, em geral, não são nada boas: é ponto pacifico nas mais diversas crenças, sejam evoluÃdas ou primitivas, que fantasmas são espÃritos insatisfeitos, preocupados e/ou atormentados; foram pessoas que morreram em circunstâncias sofridas e/ou inesperadas:
mortes súbitas [por fatalidade do destino, acidentes, por exemplo, ou falência inesperada de órgãos vitais, com ataque cardÃaco ou acidente vascular cerebral]. Situações que provocam um grande susto, surpreendem o EspÃrito, gerando confusão na percepção da própria condição de desencarnado e, muitas vezes, frustração por ter deixar tarefas inacabadas;
morte súbitas trágicas. São casos clássicos: assassinados, suicidas. Permanecem no orbe movidos por sentimentos negativos: vingança, ressentimento, remorso, culpa.
mortes preocupadas, quando o espÃrito está apegado a problemas deste mundo e acredita que precisa resolvê-los [ao invés de deixar a aporrinhação para os viventes terrenos]: são segredos não revelados, dÃvidas que arruinarão a famÃlia, sentimentos de dever em relação a parentes, amigos e até em relação à pátria. Existem muitos relatos de "fantasmas-da-botija" [no Brasil] e fantasmas de tesouros. Não têm sossego enquanto não conseguem "desenterrar" a riqueza um dia tão bem guardada e que, para o fantasma, já não serve para nada.
existem aqueles que permanecem presos por afeições desmedidas a pessoas e lugares onde viveram momentos felizes que não querem deixar para trás; outros, ligados ao mundo pelos vÃcios prazerosos da carne, álcool, drogas, comida, sexo.
e, finalmente, os fantasmas dos condenados, que expiam faltas graves, caso dos assassinos, que temem a dimensão ontológica do post mortem dos criminosos, o inferno ou Umbral dos EspÃritas, onde acredita-se, padecerão inúmeros desconfortos e/ou torturas até que tenham sido purificados das maldades perpetradas. È a "lei da gravidade noética [espiritual]": consciência pesada puxa o sujeito para baixo... muito baixo.
Por isso fantasmas são ditos "espÃritos apegados"; prisioneiros da realidade mundana, não conseguem "ir", seja para a treva, seja para a luz, não seguem o curso normal de sua existência pós-desencarnação.
No que toca à ideia de egos inferiores eu diria que fantasma é todo ele composto de ego seja de que natureza for. Pois a alma que é parte da consciência cósmica não tem qualquer ego, o ego é produto da existência.
O fantasma é pois um corpo espectrual composto de egos de uma determinada existência separado da alma divina e verdadeira que no Oriente se chama atma-budhi, por isso esses seres são para ser banidos ao abismo sem qualquer declÃnio emocional da nossa parte, não caÃamos no erro kardecista de achar que estamos perante uma pessoa real!